"Viver é muito raro! A maioria das pessoas apenas existe.."

(Oscar Wilde)

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quinta-feira, julho 25, 2013

Condoreirismo - Poesia social - Terceira fase do Romantismo



O Navio Negreiro (Tragédia no mar) Castro Alves

'Stamos em pleno mar...

Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."


E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...

O poema “Navio Negreiro- tragédia no mar” foi escrito por Castro Alves em São Paulo, em 1868, vinte anos depois, da promulgação da Lei Eusébio de Queirós de 1850, que proibia o tráfico de escravos, daí o tom de denúncia do Poema, já que o tráfico negreiro continuava ocorrendo ainda assim. O poema é bastante intenso emocionalmente. Castro Alves buscou provocar em seus leitores a mesma indignação que sentia em relação à situação dos negros escravizados no Brasil.
Enquanto os escritores da primeira geração romântica (indianista) tomaram o índio como herói, Castro Alves coloca como herói o negro, que pertencia a uma casta inferior na sociedade e na época, não era visto como um ser humano de valor.
A poesia social que denunciava os horrores da escravidão e discutia a situação dos negros defendendo a abolição, se diferencia da segunda fase (ultrarromântica) por lutar por uma causa social e não apenas individual, porém apresenta também características como: melancolia, frustração, pessimismo e morte.








sábado, junho 22, 2013

sábado, junho 15, 2013

Fotonovela - Obras do Romantismo

Seguem abaixo os links para baixar as obras que serão lidas para as fotonovelas desse trimestre.

Memórias de um sargento de milícias (Manuel Antônio de Almeida)


  A viuvinha (José de Alencar)
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000077.pdf

  Lucíola (José de Alencar)
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000035.pdf

Senhora (José de Alencar)
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000011.pdf

A Moreninha  (Joaquim Manuel de Macedo)
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000008.pdf

  A escrava Isaura (Bernardo Guimarães)
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua00057a.pdf

Os grupos deverão ler as histórias no prazo de um mês, por volta do dia 25/07/13 haverá a apresentação da 1ª etapa do trabalho (4,0 pontos) que consiste na entrega de um resumo feito à mão (feito pelo aluno, não copiado da internet), apresentação da história e arguição (estudo dirigido). Qualquer dúvida ou dificuldades quanto à  leitura dos romances procurar a professora.


quarta-feira, maio 08, 2013

Pra quem não conseguiu achar  o livro "Os sofrimentos do jovem Werther" de Goethe, segue o link abaixo:
http://www.colegiodinamico.com.br/PAGINAS/ALUNO/o_professor/arquivos/kleber/kleber_goethe_os_sofrimentos_do_jovem_werther.pdf

sábado, março 30, 2013

terça-feira, março 12, 2013


 
Uma homenagem ao centenário do escritor capixaba Rubem Braga, que trouxe um toque inovador à crônica brasileira uma pitada da ideologia modernista carregada de poesia e beleza. Rubem Braga escreve sobre a emoção presente em eventos simples do dia a dia. Situações que qualquer um de nós já viveu tem a sua beleza escondida, é preciso sensibilidade para enxergar. A crônica abaixo é um bom exemplo disso. Lembra bem o quanto acabamos nos distanciando tanto do nosso próximo, nos tornamos "números", as relações estão cada vez mais secas e frias... É preciso repensar nossa forma de lidar com as pessoas, tornar as relações mais calorosas e leves.  .


Recado ao Senhor 903
“Vizinho,

Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito a repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor; é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos: apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão: ao meu número) será convidado a se retirar às 21h45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois as 8h15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará ate o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada: e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.

[...] Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: ‘Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou’. E o outro respondesse: ‘Entra vizinho e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela’.
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.”


(Rubem Braga. "Para gostar de ler". São Paulo: Ática, 1991)

terça-feira, março 05, 2013

Mal do século

Características e tendências ultrarromânticas

domingo, março 03, 2013




"Não lemos e escrevemos poesia porque é bonitinho.
Lemos e escrevemos poesia porque somos membros da raça humana e a raça humana está repleta de paixão.
E medicina, advocacia, administração e engenharia, são objetivos nobres e necessários para manter-se vivo.
Mas a poesia, beleza, romance, amor... é para isso que vivemos."

(Sociedade Dos Poetas Mortos)


Oh! captain, my captain...
"O morro dos ventos uivantes" de Emily Brontë. A história é bem intensa, bonita, mas também apavorante.



Esta é uma versão mais moderna da peça "Romeu e Julieta"de Willian Shaekespeare, 
mas os diálogos foram mantidos de  acordo com o texto original.


Amor de Perdição

Camilo Castelo Branco